Vozes de Copacabana
Começo escrevendo sobre o concerto do Projeto Aquarius, na praia de Copacabana, no fim-de-semana passado, o último de agosto de 2006. Para mim, foi um convite irresistível: uma sinfonia de Wagner, aberta a todos, com mais de trezentos músicos, um coral gigantesco, num espaço que é geralmente destinado a concertos de música feita por gente famosa, com qualidade variável. Será que iria muita gente? Será que o povão iria comparecer em massa? Será que o público iria gostar?
Peguei minha bicicleta e fui. Não ia agüentar ficar em casa, na curiosidade, sem ter sido testemunha corpórea daquele acontecimento. Felizmente, fez uma noite linda. E, já no caminho, percebi que o fluxo era grande naquela direção. Ficaria lotado, passei a ter certeza. Assim como também sabia que, com tanta gente aglomerada, ia ser horrível para ouvir a sinfonia (qual delas?)– mas isso não era tudo, para não dizer mais.
A minha primeira grande questão era sobre a composição da platéia, naquele espaço público tão globalizado, onde mais de um milhão de pessoas se amontoam na festa de fim de ano: populacho, classe média e grã-finagem; indígenas e caras-pálidas. A ‘minoria branca’ – expressão que se consagrou no lapso de sensatez de um reacionário pefelista –, no caso da sinfonia, era maioria. Sim, havia uma minoria negra. Mas não criemos, a partir disso, uma falsa questão: Copacabana é um bairro de classe média alta. E cosmopolita, epicentro de turistas. Há algumas favelas bem próximas, mas esperaríamos que o populacho descesse o morro, em peso, para ver uma ópera? É possível que alguns o tenham, em saudável curiosidade. Assim como é certo que, se o evento fosse em Santa Cruz, a platéia seria outra.
Gostaram ou não do que viram? Não dá pra dizer, mas é certo que o público, na sua maioria, estava muito entusiasmado, e não queria ir embora, queria mais música, mais espetáculo. Sim, música com espetáculo: iluminação, palco, propaganda – que podem ser dispensáveis para a música, num sentido mais amplo? Até podem, mas nem sempre, e nunca num concerto com essas proporções.
Universalizar o acesso do povo à diversidade das manifestações artísticas do país é um trabalho fundamental em qualquer disposição democrática. Karabtchevsky, com o capital político que seu nome angariou, está contribuindo muito nessa direção: para que a coletividade possa escolher o que gosta, a partir da própria experiência, suprimindo-se a ignorância que é gerada a partir de um apartheid, da segregação social que se manifesta em diversos níveis, nas complexidades de cada grupo social. A África também é aqui, e lá não há somente negros.
Começa o espetáculo e as pessoas se ajuntam, ficam ainda mais próximas. Uma estória que pode ter acontecido simultaneamente, com diferentes nuances, em vários pontos da platéia: duas amigas, atrás de mim, não paravam de falar, aos altos brados, o que me deu muita raiva. O famoso ruído para que se calassem não demorou a aparecer, inclusive da minha boca, sinalizando o alto nível de adesão do público. A resposta delas foi a pior possível: “Quer silêncio, vai ao teatro!”. O engraçado era que elas não aparentavam ter a experiência de ir ao teatro, ou de assistir a concertos de música em silêncio: deu para ouvir que elas só comentavam sobre a beleza do palco e das luzes, mais nada. A vontade era de mandar elas irem para casa ver novela da Globo, não pela manifestação de ignorância, mas pelo culto à mesma, na recusa em calar-se diante da maioria que estava muito interessada em assistir – ver e ouvir – a apresentação da orquestra. Desnecessário dizer que eram duas barangas?
Enquanto vozes melodiosas se empunhavam através de poderosos diafragmas no palco, Coca-Cola, água mineral e Skol, faço questão de nomear os produtos, eram anunciados também por enérgicos gritos, ritmados pelos ambulantes que honestamente aproveitavam para ganhar a vida. Mas, em relação a esses, não dava vontade de reclamar para que se calassem. Alguma coisa dentro de mim, e também das pessoas que estavam em volta, dava legitimidade para que aqueles trabalhadores gritassem sem que nossos ouvidos se arranhassem.
Termino com uma associação. Nos últimos dias, li uma curta e singela redação escrita pela minha pequena prima, que acabou de completar nove anos. A história era a seguinte: tinha jogo do Brasil no Maracanã e dois personagens iam ao estádio: um, para assistir à partida; o outro, para vender alguma coisa no sinal de trânsito e ajudar nas despesas da casa. O Brasil ganhou e, no final daquelas sensíveis linhas, ambos estavam felizes: um, por causa da vitória, e o outro, porque ganhou “muito dinheiro”. É realmente muito emocionante notar na pequena um desejo de que o trabalhador volte para casa tão satisfeito quanto aquele que foi ali para se divertir, ainda mais quando é um trabalho muitas vezes considerado como ilegítimo, e realizado em condições precárias, nem um pouco confortáveis. O nome da composição dela era “O Domingo Legal”.
Peguei minha bicicleta e fui. Não ia agüentar ficar em casa, na curiosidade, sem ter sido testemunha corpórea daquele acontecimento. Felizmente, fez uma noite linda. E, já no caminho, percebi que o fluxo era grande naquela direção. Ficaria lotado, passei a ter certeza. Assim como também sabia que, com tanta gente aglomerada, ia ser horrível para ouvir a sinfonia (qual delas?)– mas isso não era tudo, para não dizer mais.
A minha primeira grande questão era sobre a composição da platéia, naquele espaço público tão globalizado, onde mais de um milhão de pessoas se amontoam na festa de fim de ano: populacho, classe média e grã-finagem; indígenas e caras-pálidas. A ‘minoria branca’ – expressão que se consagrou no lapso de sensatez de um reacionário pefelista –, no caso da sinfonia, era maioria. Sim, havia uma minoria negra. Mas não criemos, a partir disso, uma falsa questão: Copacabana é um bairro de classe média alta. E cosmopolita, epicentro de turistas. Há algumas favelas bem próximas, mas esperaríamos que o populacho descesse o morro, em peso, para ver uma ópera? É possível que alguns o tenham, em saudável curiosidade. Assim como é certo que, se o evento fosse em Santa Cruz, a platéia seria outra.
Gostaram ou não do que viram? Não dá pra dizer, mas é certo que o público, na sua maioria, estava muito entusiasmado, e não queria ir embora, queria mais música, mais espetáculo. Sim, música com espetáculo: iluminação, palco, propaganda – que podem ser dispensáveis para a música, num sentido mais amplo? Até podem, mas nem sempre, e nunca num concerto com essas proporções.
Universalizar o acesso do povo à diversidade das manifestações artísticas do país é um trabalho fundamental em qualquer disposição democrática. Karabtchevsky, com o capital político que seu nome angariou, está contribuindo muito nessa direção: para que a coletividade possa escolher o que gosta, a partir da própria experiência, suprimindo-se a ignorância que é gerada a partir de um apartheid, da segregação social que se manifesta em diversos níveis, nas complexidades de cada grupo social. A África também é aqui, e lá não há somente negros.
Começa o espetáculo e as pessoas se ajuntam, ficam ainda mais próximas. Uma estória que pode ter acontecido simultaneamente, com diferentes nuances, em vários pontos da platéia: duas amigas, atrás de mim, não paravam de falar, aos altos brados, o que me deu muita raiva. O famoso ruído para que se calassem não demorou a aparecer, inclusive da minha boca, sinalizando o alto nível de adesão do público. A resposta delas foi a pior possível: “Quer silêncio, vai ao teatro!”. O engraçado era que elas não aparentavam ter a experiência de ir ao teatro, ou de assistir a concertos de música em silêncio: deu para ouvir que elas só comentavam sobre a beleza do palco e das luzes, mais nada. A vontade era de mandar elas irem para casa ver novela da Globo, não pela manifestação de ignorância, mas pelo culto à mesma, na recusa em calar-se diante da maioria que estava muito interessada em assistir – ver e ouvir – a apresentação da orquestra. Desnecessário dizer que eram duas barangas?
Enquanto vozes melodiosas se empunhavam através de poderosos diafragmas no palco, Coca-Cola, água mineral e Skol, faço questão de nomear os produtos, eram anunciados também por enérgicos gritos, ritmados pelos ambulantes que honestamente aproveitavam para ganhar a vida. Mas, em relação a esses, não dava vontade de reclamar para que se calassem. Alguma coisa dentro de mim, e também das pessoas que estavam em volta, dava legitimidade para que aqueles trabalhadores gritassem sem que nossos ouvidos se arranhassem.
Termino com uma associação. Nos últimos dias, li uma curta e singela redação escrita pela minha pequena prima, que acabou de completar nove anos. A história era a seguinte: tinha jogo do Brasil no Maracanã e dois personagens iam ao estádio: um, para assistir à partida; o outro, para vender alguma coisa no sinal de trânsito e ajudar nas despesas da casa. O Brasil ganhou e, no final daquelas sensíveis linhas, ambos estavam felizes: um, por causa da vitória, e o outro, porque ganhou “muito dinheiro”. É realmente muito emocionante notar na pequena um desejo de que o trabalhador volte para casa tão satisfeito quanto aquele que foi ali para se divertir, ainda mais quando é um trabalho muitas vezes considerado como ilegítimo, e realizado em condições precárias, nem um pouco confortáveis. O nome da composição dela era “O Domingo Legal”.
8 Comments:
Nice Blog, some interesting info and thoughts, a bit radical for me at times but thats ok.
Muito bom!
Bem escrito e inteligente!
Abraço
Muito legal ler um texto sobre "democratização da cultura", já que o assunto é bem delicado. Temos mesmo que pensar sobre os "ruídos", só fico um pouco na dúvida sobre a direção dada. Meu medo é que o ruído dos gritos de quem trabalhava vendendo bebida seja entendido como o "mundo do trabalho que toma a palavra". Esse entendimento pode atrapalhar nossa percepção para um outro ruído, aquele que realmente é capaz de transformar as relações culturais de produção da nossa época. Acho que a democratização das manifestações artísticas depende disso. Assim, até a idéia de necessidade de democratização soa um pouco melhor, pois ela responderá a uma pobreza que é tanto de burgueses quanto de proletários.
Valeu, Júlia!
Fico muito feliz com teu comentário. Pensar/trabalhar/estudar junto contigo sempre me ajudou muito, e continua.
Quanto à pobreza que é tanto de burgueses quanto de proletários, assino embaixo. Deu vontade até de reescrever o texto para colocar esse apontamento, que é absolutamente fundamental.
Mas acho que não captei muito essa sua observação sobre o 'mundo do trabalho que toma a palavra' e sobre um 'outro ruído'. Engraçado é que mesmo eu não tendo entendido isso direito, deu vontade também de escrever um pouco mais sobre os ruídos. Os vendedores passavam, não estavam parados, ao contrário das moças. Mas também o deles não era um ruído desejável.
Um beijo carinhoso.
Salve, anão!
Cristóvam Buarque disse que corre risco a democracia. Estará falando dessa mesma democracia que desejamos para a arte?
Em política, conforme as regras democráticas em vigor, são os Estados Unidos um país democrático e Cuba é uma ditadura, lembremos.
De forma que eu temo que este Anão sofra, por vezes, de um 'espanto nada filosófico'. Pois não é a política parente próxima da neurose obssessiva?
Mas o certo é que também fui ao concerto, levando a tiracolo minha ignorância burguesa. Quando cheguei, a música já havia começado. Vim por trás do público, tinha estacionado na altura da Praça do Lido. Achei interessante a geografia: perto da avenida, e sobre ela, havia muito mais gente. Talvez uns 150m de gente, quem estava mais atrás tinha uma visão muito precária da orquestra, e ouvia a música reproduzida em auto-falantes. Como em Copacabana a faixa de areia é grande, fui andando até a beira do mar, que estava bem mais vazia de gente, e consegui chegar até bem perto do palco, sem maiores dificuldades. Mas para se chegar até lá era preciso andar na areia. A multidão formava, então, um triângulo retângulo cujo cateto menor era a largura do palco, o maior a extensão do público na avenida Atlântica, para trás do palco. Ao longo da hipotenusa dispunham-se as medidas dos desejos de ver e ouvir de perto (lembrem-se, anões, voz e olhar como objetos da pulsão). No centro, porém, tinha um quadrado cercado, com muitas cadeiras vazias, onde certas amigas do Anão se insinuaram com nome falso, ou melhor, identificando-se como outra das amigas do Corcunda, esta sim com lugar reservado na área reservada às Véri Importante Pípol.
O povo é muito educado, Anão, respeita velório, comício área VIP, concerto e patrão. A base da educação brasileira é conservadora e católica. Má educação pública, conforme as moças tagarelas, é pseudoprivilégio da Classe Média, que compra o ingresso mais barato no Canecão e quer ocupar as mesas melhores, ainda que vazias. Ainda que, ao contrário do Canecão, espaço privado, não houvesse uma corrida às cadeiras vazias no meio da praia, não é a mesma coisa, só que tudo ao contrário? Não existe toda uma hierarquia e uma etiqueta, social, da aproximação do sujeito com a arte, esta sim absolutamente subversível?
No mais, eu que pouco entendo de música pensei cá com meus botões que seria bom entender o que o coral cantava. Demanda colocada, demanda suprida: no centro do palco, um telão enorme provinha imagens ampliadas das individualidades dos músicos, solistas e maestros, e ainda legendava as letras. Capturava o olhar, dificultava a apreensão, tão impressionante, mesmo para ouvidos ignorantes, daquele conjunto, daquela multidão de instrumentos e vozes.
Do lugar que eu estava, na ponta da hipotenusa perto do palco, não se ouvia ambulantes vendendo Coca-Cola e Skol, mas tinha um outro ruído: um homem, provavelmente louco, que quebrava o silêncio protocolar, com comentários, gritos, respondendo ao movimento da orquestra, para incômodo dos vizinhos, que lá pelas tantas desistiram de fazê-lo calar-se. O médico provavelmente mandou não contrariar. Os incomodados que se retirassem, fossem para o teatro ou para a avenida.
Por hoje, é isso.
Abraços corcundas,
Sérgio.
Caro Sérgio,
valeu pelo comentário. Intervenção maravilhosa. É muitíssimo importante ouvir a opinião dos companheiros nesse momento de publicação...
Realmente, é um trabalho urgente desfazer essa confusão em torno do tema da democracia. A democracia que Cristóvam Buarque quer é essa que está aí, e não a de Cuba, onde, dizem as más línguas, não se pode "fazer nada", onde não há "liberdade individual", palavras que vão de encontro ao que nos relatam companheiros que por lá estiveram, em tempos recentes. Lá, onde deve ser realmente impossível não se espantar.
Quanto ao seu belo relato sobre o concerto, ao qual assististe em determinado ponto da hipotenusa, beirando aquela terceira margem da praia, o fato é que, do ponto do cateto onde eu estava, a visão e a audição eram embaçadas (e eu ainda fui sem óculos...), distantes das minúcias e mesmo de um televisãolão cujas imagens estavam esbranquiçadas, o ângulo cego do jogo de luzes.
Ainda preciso pensar um pouco mais sobre o resto.
Lembrei-me, obviamente, ao ler o relato, como você também deve ter se lembrado por lá, de nosso desgastante episódio no Canecão, onde fomos expulsos das cadeiras prvilegiadas pelas quais não havíamos pago. Retifico: eu até havia pago, acabei por preferir ficar junto com vocês, abdicando de parte do preço, e no final das contas acabamos todos perdendo parte importante da apresentação, entretidos nas movimentações por aquela praia, de triângulos mais tortos (?), onde os garçons, pressionados ou não por seus chefes ou não, nos intimavam a seguir as setas. Eu lembro bem que só consegui aproveitar alguma coisa lá já pro final do concerto, que não era um concerto qualquer...
Sobre o louco que se manifestava em resposta à orquestra, o que me ocorreu foi a lembrança de sessões de cinema e teatro nas quais o público começa a conversar com os atores. Gritam para alertar o mocinho, cujo inimigo o espreita. Vaiam os vilões. No teatro, os atores até respondem, grande parte das ocasiões. Com uma criançada na platéia, isso é muito marcante. Não raro vemos os pais as recriminando quando se manifestam, 'educando-as'.
Às vezes, o movimento da platéia é muito divertido - se entrarmos nesse espírito, obviamente, e se aderirmos à avaliação que a platéia está fazendo da história. Lembro-me também da sessão em que fui assistir ao Match Point, do Woody Allen. Veja a furada: cinema Leblon, sábado, 22h, a burguesia despudorada. Que ria nos momentos mais dramáticos e angustiantes. Que falava alto e ficava sacaneando (mesmo!) os personagens, como se aqueles da tela não os representassem. Cheguei a mandar o grupo de adolescentes ao meu lado calar a boca de forma bem grosseira, o que não funcionou quase nada - já pensou se algum esquentadinho mais forte do que eu estivesse nesse grupo?... Terreiro dos outros, galo pode acabar virando galinha...
Fico por aqui. Continuemos.
Aspecto curioso: geralmente o gerenciador automático do blog avisa quando há novos comentários, assim como o próprio blog é atualizado (o número de comentários em cada texto). Nem uma coisa, nem outra aconteceu, em tempos de internet eficiente. Talvez, se você não tivesse me dito pessoalmente, eu poderia até mesmo não lê-lo...
Aquele abraço!
Grande Anão,
Meio que sem querer, talvez por isso mesmo totalmente de acordo com os pressupostos de nossa pesquisa, li no sábado de manhã um texto que repercute de modo quase inacreditável o que viemos pensando juntos.
Trata-se de 'Pirlimpsiquice', Guimarães Rosa, Primeiras Estórias.
Leiam enquanto eu preparo um 'post'.
Abraços,
Sérgio.
Querido anão,
Gostaria de entrar nessa discussão com um causo parecido com o seu.
Neste último festival de cinema do Rio, fui ver o filme “um longo caminho”, de Zhang Yimou. Copacabana, meu caro, como você bem a caracterizou, às vinte e duas horas.
Um grupo de pessoas, ao que me parece, entrou no filme “sem querer”. Não estavam esperando ver coisas como... a China. Os sons, as vozes, as lágrimas, o olhar, o discurso – tudo diferente; e, ao mesmo tempo, a sensibilidade e a força transmitida pela película era impressionante.
Nossos personagens, porém, por estarem “fora de lugar”, só conseguiam construir caricaturas burguesas do que viam. Uma criança de uma aldeia do interior da China está soluçando numa cena absolutamente angustiante? Muito engraçado! Risos de deboche, “você ouviu a voz do moleque”? O filme não é construído segundo os padrões narrativos de Hollywood? Muito ruim, “que filme merda!” gritam nossos “amigos” ao final da sessão, para que todos possam ouvir seus “ruídos”.
O problema dos ruídos...
Não sei muito bem como avaliar minha irritação numa situação desse tipo, assim como não sei ao certo o que dizer sobre as discussões que suscitou esse seu texto. Como bem disse nossa querida Julia, a democratização da cultura é um tema espinhoso e difícil de ser tratado.
Certo é que essa democratização não deve ser compreendida como “desconcentração”. A produção cultural e artística é inacessível tanto à burguesia quanto ao proletariado, logicamente falando. Que ela seja fisicamente acessível à burguesia em sua totalidade e praticamente inacessível ao “resto”, é outra história, apesar de ser a mesma. Acho que seu texto é claro quanto a isso.
Mas, me parece necessário determinar: qual o estatuto desse problema?
Acabo de ver esses comentários pela primeira vez, e gostaria de pensar um pouco mais antes de dizer alguma coisa além do que já disse.
Produzirei melhores ruídos em breve...
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